Efeito Jolie no teste de BRCA

jolieTrês anos atrás, quando publicou o artigo My Medical Choice no jornal The New York Times, a atriz Angelina Jolie chamou a atenção da sociedade para a questão da hereditariedade no câncer. Embora represente apenas 5% a 10% dos casos, é fundamental identificar quais são os pacientes que têm predisposição aumentada para o desenvolvimento do câncer por terem herdado uma mutação que, no caso de Angelina Jolie, é no gene BRCA1. Para ela, havia um risco alto de desenvolvimento de câncer de mama e de ovário.

Conforme destacam reportagens da Folha de S.Paulo e do jornal inglês The Guardian, desde que o texto de Angelina Jolie foi publicado em 14 de maio de 2013 houve um aumento no número de testes que buscavam mutações nos genes BRCA1 e BRCA2. Essa nova evidência do efeito Angelina Jolie foi trazida por pesquisadores das universidades de Harvard e Cambridge e do Massachusetts General Hospital. Os autores usaram bancos de dados de planos de saúde com informações de 9 milhões de mulheres entre 18 e 64 anos.

O teste genético que investiga uma possível mutação é indicado por um geneticista, que se baseia em critérios clínicos padronizados, os chamados guidelines. Para a paciente com indicação clínica para fazer o teste é fundamental que ela o faça e, além disso, que ela receba informações seguras e transmitidas com bastante clareza por seus médicos, para que – desta forma – ela possa decidir, por exemplo, entre retirar preventivamente as mamas (mastectomia profilática bilateral) e os ovários (ooforectomia ou ovariectomia profilática) ou, ao contrário disso, seguir sem cirurgia preventiva e sim se prevenindo por outros instrumentos, como exames de imagem (mamografia e outros) e, é claro, com o acompanhamento permanente de uma equipe de Oncogenética.

No estudo, publicado na revista BMJ, o crescimento dos testes de mutação dos genes BRCA1 e BRCA2 foi de 59% nos 15 dias após a publicação do texto de Angelina Jolie. Levados em conta os meses seguintes, houve aumento de 37%. Não houve, por sua vez, aumento no número total de retirada de mamas. Entre as mulheres que fizeram o teste depois do editorial da atriz, as cirurgias até diminuíram, o que para os autores do estudo pode significar que os exames foram feitos por quem não se enquadrava na população de maior risco.

Link para o paper no BMJhttp://www.bmj.com/content/bmj/355/bmj.i6357.full.pdf
Reportagem da Folha: http://bit.ly/2i34IP8
Reportagem do The Guardianhttp://bit.ly/2hBS20w

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