Prata da casa e redator-chefe de SAÚDE!

foto-diogo-sponchiatoAo concluir a graduação em Comunicação Social com habilitação em jornalismo, em 2007, pela Faculdade Cásper Líbero, Diogo Sponchiato iniciou sua trajetória na revista SAÚDE é Vital, da editora Abril. Dez anos depois, Diogo é redator-chefe desta publicação mensal do segmento de saúde que possui uma tiragem superior a 200 mil exemplares.

Com sua ainda breve e já bem-sucedida carreira quase toda construída na revista SAÚDE!, excetuando uma passagem pela revista Galileu, da editora Globo, Diogo Sponchiato lembra que não saiu da faculdade pensando em trabalhar exclusivamente com saúde “Até porque não tive, como a maioria dos colegas de área, nenhuma disciplina focada em ciência ou saúde. A oportunidade de abraçar esse campo do jornalismo veio com o programa de estágios da Editora Abril, em 2007, quando fui selecionado para uma vaga na revista SAÚDE”, recorda.

Nesta entrevista exclusiva ao blog jornalismOncologia, Diogo Sponchiato fala sobre o desafio que está sendo suceder sua mentora, a jornalista Lúcia Helena de Oliveira e sobre como integrar todas as plataformas do veículo, falar sobre saúde de forma atraente para o leitor e os cuidados para se produzir, por exemplo, um conteúdo qualificado sobre câncer. “A missão é a de contribuir com a divulgação de hábitos e atitudes que ajudam a diminuir o risco da doença e das novidades na seara terapêutica, mas sem perder o dever de contextualizar tudo de uma maneira que não dê margem a pílulas mágicas”, ressalta.

jornalismOncologia – No início de sua trajetória com o jornalismo de saúde, quais foram os principais desafios?
Diogo Sponchiato – Fazer jornalismo de saúde envolve aprendizagem constante, bem como a noção de que temos uma responsabilidade enorme: a de influenciar escolhas e decisões com impacto direto na vida do cidadão. Portanto, precisamos nos aliar aos cientistas e demais profissionais da área para beber seu conhecimento e transmiti-lo de uma maneira compreensível e interessante para a população em geral. Lidamos com temas complexos por excelência (basta pensar em genética – ou epigenética – e nas minúcias do cérebro) e com informações sujeitas a mudanças parciais ou drásticas devido ao próprio dinamismo da produção científica (ovo faz bem ou mal, afinal?). Dessa forma, mergulhar no corpo humano, nos estudos e encontrar a melhor a forma de traduzi-los representou o grande desafio no início da carreira. E esse, assim eu penso, é um desafio perene, que acompanha e acompanhará toda nossa trajetória.

O que representou para você o convite para assumir como redator-chefe de SAÚDE!? A sua atuação inclui o conteúdo web e mídias sociais? Quais foram as principais mudanças já introduzidas?
Assumir a redação foi uma honrosa e laboriosa missão. Ainda mais porque minha antecessora (e professora) Lúcia Helena de Oliveira é um dos maiores nomes do jornalismo de saúde no país. Tínhamos que simplesmente manter o padrão de qualidade herdado, que é o rigor na apuração, texto claro e elegante, olhar apurado para tendências e descobertas da ciência. Soma-se a isso tudo o momento de constante transformação do jornalismo na era digital. Hoje, na Abril como um todo, trabalhamos em um modelo integrado, ou seja, a mesma equipe faz revista impressa, site, redes sociais. Então, temos que continuar produzindo grandes matérias no papel e pensar em conteúdos impactantes na esfera digital. Na revista, criamos seções novas (como “Com a Palavra”, onde um especialista assina um texto sobre um tema quente ou polêmico todo mês) e assumimos a necessidade de mirar mais para os comportamentos da sociedade que podem ter, direta ou indiretamente, repercussões na saúde física ou mental. Reformulamos do zero o site de SAÚDE, com produção diária de conteúdos exclusivos, além de um canal caprichado de colunistas, inclusive com a presença de sociedades médicas. E agora estamos incrementando nossa produção de livros — o último foi “O Fim das Dietas”, do professor Antonio Lancha Jr.

Especificamente sobre câncer, quais são os principais desafios de se abordar a doença junto aos leitores de SAÚDE!?
Câncer é um dos temas que mais geram demanda e audiência entre os leitores e internautas de SAÚDE!. Com o aumento da prevalência desse grupo de doenças e a chegada de novas terapias, temos um compromisso constante de falar do assunto, tanto do ponto de vista da prevenção como do diagnóstico e tratamento. O maior desafio hoje é realmente separar o joio do trigo no mar de produção científica sobre o tema, bem como desmistificar boatos que correm nas redes sociais. Precisamos filtrar e ouvir muito os oncologistas e pesquisadores para selecionar o que merece ser levado ao leitor e de que forma isso será levado. Temos a missão de contribuir com a divulgação de hábitos e atitudes que ajudam a diminuir o risco da doença e das novidades na seara terapêutica, mas sem perder o dever de contextualizar tudo de uma maneira que não dê margem a “pílulas mágicas”.

É sabido que as revistas impressas, para se manter, precisam ser vendáveis. Quais são os cuidados com a revista Saúde que vocês tomam para produzir um conteúdo qualificado sobre câncer mesmo neste cenário comercial?
Roberto Civita, antigo dono e editor da Abril, dizia que o trabalho de quem faz revista é transformar o importante em interessante. Não adianta falarmos do tema mais relevante do mundo da saúde se não soubermos tornar esse conteúdo atraente e instigante. Isso começa na capa, na escolha das imagens e das chamadas e perpassa a edição como um todo — título, foto, infografia, etc. É ampla a gama de recursos que podem transformar uma reportagem num rico manancial de informações. É evidente que precisamos tomar cuidado quando falamos em saúde para não vender promessas falsas. Devemos ter bom senso. Eu brinco que no jornalismo de saúde a gente vive no meio de um cabo de guerra, no qual de um lado está a precisão da informação científica e do outro está a atratividade do texto e das imagens. Precisamos ficar nesse meio termo, mantendo tal balanço.

Conte um pouco como é a sua rotina diária enquanto jornalista especializado em saúde, incluindo as suas leituras de conteúdo da área.
Nossa rotina pode ser resumida como um observatório de tendências do mundo geral (por que as pessoas estão tomando óleo de coco? Ele é bem-vindo à saúde?) e um olhar atento nos periódicos científicos (nossa, tem um remédio contra o Alzheimer em fase 3! Será que agora vai?). Então vivemos vasculhando artigos em revistas especializadas, o que está sendo publicado na mídia brasileira e gringa e conversando com médicos, cientistas e demais profissionais da área para saber o que está por vir, o que eles acham de determinada tendência/comportamento/ lançamento, etc. Particularmente, leio muita ficção (e a gente aprende muito com elas, inclusive na saúde) e obras de divulgação científica. Li não faz muito tempo “A História do Corpo Humano”, do professor Daniel Lieberman, e estou agora no “O Gene Egoísta”, de Richard Dawkins).

Quais são os critérios de noticiabilidade que vocês mais levam em conta nas reuniões de pauta de SAÚDE!?
Os principais critérios são impacto imediato na vida do cidadão, relevância científica ou clínica e o número de pessoas que podem se interessar pelo tema (por esse raciocínio, condições mais prevalentes costumam ganhar mais espaço na revista e no site).

Quais são os principais desafios ao se abordar temas voltados à Oncologia?
Vejo dois grandes desafios: falar de terapias novas e efetivas que estão em destaque nos congressos médicos hoje só que ainda se encontram distantes da população em geral (o problema do acesso e de quem vai custear esses tratamentos) e a necessidade de abordarmos mais prevenção, isto é, medidas que a população pode adotar para reduzir o risco de ser vitimada pela doença.

Quais orientações você daria a quem queira focar a carreira no jornalismo de saúde e/ou ciência?
Jornalismo de saúde é uma prestação de serviço que envolve o bem mais precioso de uma pessoa, sua saúde, sua vida. Então procure as fontes mais confiáveis para a informação (estudos, profissionais etc.) e busque transmitir orientações e conceitos complexos de uma maneira amigável. Especializar-se em saúde é a forma que a maioria dos profissionais encontra para cultivar uma carreira bacana. Por isso, faça cursos na área, aprenda a interpretar (pelo menos o básico) dos artigos científicos, crie boas fontes e leia muito.

 

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